Encontrar o equilíbrio entre os aspectos técnicos da empresa e os socioemocionais na Família é fundamental!

GOVERNANÇA NA EMPRESA FAMILIAR

Osair Soares

6/12/20232 min read

No contexto da sucessão em empresas familiares, é fundamental encontrar um equilíbrio entre os aspectos técnicos e socioemocionais envolvidos nesse processo. Embora os negócios sejam tradicionalmente guiados pela racionalidade e pragmatismo na tomada de decisões, as questões familiares são regidas por laços emocionais, o que pode gerar um antagonismo na abordagem da sucessão.

Com frequência, durante a transição da sucessão, os profissionais tendem a focar seus esforços exclusivamente nas questões técnicas relacionadas aos negócios. Isso inclui avaliar a capacidade do sucessor em assumir a posição, lidar com questões tributárias, jurídicas e societárias. De fato, esses são aspectos relevantes para mitigar custos a curto prazo e garantir a longevidade do negócio. É importante destacar que o direcionamento exclusivo para essas questões técnicas é muitas vezes reforçado pela própria família, que busca manter uma separação entre os aspectos socioemocionais familiares e a sucessão organizacional. Essa negação, mesmo que inconsciente, pode resultar em impactos negativos significativos na organização.

Nesse sentido, é essencial considerar os aspectos socioemocionais envolvidos na sucessão em cada uma das partes envolvidas:

Fundador e líder atual:

  1. Relutância em aceitar a própria finitude quando ainda se sente forte e capaz;

  2. Dificuldade em abrir mão do poder e controle da empresa e da família;

  3. Medo de perder relevância na família e na sociedade;

  4. Medo de depender de terceiros;

  5. Sentimento de competição e ciúme em relação aos possíveis sucessores.

Família:

  1. Filhos que desejam afastar o fundador para ganhar autonomia podem sabotar suas próprias chances de sucesso;

  2. Temor dos pais em abandonar papéis vinculados ao negócio ou de ver desarmonia na família;

  3. Medo, incerteza e sentimento de incapacidade de ocupar o lugar do atual líder ou fundador;

  4. Medo de ser visto como ganancioso ou deselegante ao abordar o tema;

  5. Preocupação de ter alguém percebido como igual ocupando o papel de líder;

  6. Dificuldade dos filhos em expressar os sentimentos que cercam as perdas dos pais.

Gestores:

  1. Resistência em mudar de um relacionamento pessoal com o fundador para um relacionamento mais profissional com um sucessor. Para muitas pessoas, essa proximidade com o fundador é um fator relevante;

  2. Medo do próprio envelhecimento e aposentadoria;

  3. Receio de perder o emprego;

  4. Temor de perder poder, autonomia e influência devido à formalização de estruturas e à adoção de novos sistemas de gestão;

  5. Frustração por se sentirem mais preparados do que o novo sucessor para assumir a posição.

Outros sócios:

  1. Laços de amizade ou lealdade com o fundador podem impedir a discussão aberta sobre a sucessão;

  2. Minoritários que são fundadores de outros negócios têm resistência em discutir o tema para não abrir precedentes para a sucessão em seus próprios negócios.

Ambiente:

  1. Clientes e fornecedores que cresceram tendo o fundador como principal contato na empresa temem perder a conexão com a administração.

Considerar esses aspectos socioemocionais é crucial para uma sucessão bem-sucedida em empresas familiares. É necessário que os aspectos técnicos sejam abordados, mas é igualmente importante compreender e lidar com as dinâmicas emocionais e relacionais que permeiam o processo. A busca pelo equilíbrio entre os aspectos técnicos e socioemocionais proporcionará uma transição mais harmoniosa, garantindo a continuidade do negócio e o bem-estar da família empresária.